O Festival “Rock in rio” que se realiza em Lisboa no ano 2000, constitui uma marca temporal deste tempo de globalização da arte e da cultura em Portugal. A Expo 98 que tinha criado uma nova cidade a oriente, teve uma programação cultural intensa e criou uma rede de contatos e colaboração cosmopolita entre programadores culturais e artistas. A circulação entre países passou a ser natural. Desenvolveram-se grandes eventos, de uma forma geral com apoio de grandes marcas comerciais. Os festivais passaram a ter, de forma tímida a princípio, mais presente para o tempo recente, marcas comerciais. Por exemplo o festival do SW passa a ter uma marca duma operadora telefónica, as Festas de Lisboa, passam a te uma marca duma cerveja.
Este tempo de globalização da arte assume em pleno a precarização do trabalho artístico criativo. Os grandes equipamentos sofreram várias vicissitudes e a crise do orçamento do Estado limita as capacidades de financiamento. Há uma erosão global das redes de aprendizagem de artes musica e de artes performativas, os modelos de financiamento variam aleatoriamente, impedindo projetos de se consolidar e de desenvolver criatividade interna. A organização da criatividade passa a seguir a lógica da burocracia do estado. O Estado Socialista perde o rumo, entre política de investimento em mega projetos, de sustentabilidade duvidosa, e apressão liberal de lançar produtos no mercado.
A crise económica deixa marcas profundas em todas as instituições de que contraem e reduzem despesas. A lógica de externalização ganha espaço, fazendo com que tudo o que não seja “essencial” seja contratualizado com serviço. A incipiente rede de museus e os museus portugueses, por exemplo, que nunca haviam consolidado serviços educativos e recorriam a trabalho permanente precário, cessam contratos. A Fundação Gulbenkian passa por um processo de reorganização, emagrecimento, encerrando a sua Companhia de Bailado. Durante este período algumas das chamadas “indústrias culturais”, como a música, o livro e o cinema, sofrem o impacto da digitalização. O mercado do livro contrai-se e perde expressão na cidade, muito embora um ou outro evento se mantenha, como é o caso da Feira do Livro de Lisboa. A indústria discográfica praticamente desaparece, com novas formas de circulação. As galerias perdem notoriedade. O teatro passa por ajustamento, com as companhias a criarem rede de colaboração e circulação pelo país, apoiando-se em apoios municipais, procurando ultrapassar a escassez de público. Em suma o mercado contrai-se, revelando a falta de escala da produção cultural portuguesa para se manter a com dimensão internacional, com exceção de alguns artistas (como Joana Vasconcelos na arte, Manoel de Oliveira no Cinema, Siza Vieira na Arquitetura