Avançava pela avenida central de Canchungo quando um pequena cobra desliza por entre os meus pés. Paro na dúvida do potencial risco. Ela medrosa, retira se veloz serpentando pela estrada. Nunca usei esta palavra com tanta propriedade. Ambos, eu e o réptil nos amedrontamos. Faz parte do jogo. Na duvida interrompemos os movimentos. O réptil mais lesto, talvez institivamente, recua. Eu mais supreso paro e perante a fuga, descontraio.
E claro que penso sobre o risco de uma cobra entrar em casa, ou em qualquer outro sítio. Mas enfim, talvez seja melhor não pensar mais no assunto.
Enquanto isso, o professor, do outro lado da rua dava a sua lição. Professor de adultos, diz a teoria, é um mediador. Mas na Guiné-Bissau, o educador de adultos replica a lição magistral. Os brancos tugas, que supostamente estão a “capacitar” aproveitam também para se ouvir. No final todos saem e não se medem resultados.
Lição. A cobra, institivamente, perante um obstáculo resolve. O humano, perante um obstáculo insiste em falar. Toma a palavra para se ouvireouvirempróprios na vã ilusão que as palavras simples mudam o mundo.
Sim. Ha palavras que mudam o mundo. Mas sao palavras que geram vida e não palavras que replicam vaidades.
Serie Crónica da Guiné # 36
A palavra precisa de ação para gerar mudança. òtima reflexão Abraço!
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