Interrompemos a séria de análise sobre a realidade internacional com um postal sobre o recém relatório do NEMO, uma rede europeia de organizações de museus, sobre o impacto da crise nos museus. Temos vindo a abordar a questão do impacto nas organizações culturais, e mais à frente retomaremos essa reflexão quando abordamos a questão dos “serviços culturais”, questão que ainda é cedo para reunir todas as bases de reflexão. Ante temos que completar um quadro de reflexão sobre mudanças que estão a acontecer no mundo contemporâneo, para tentar entender que tipo de respostas as organizações necessitam de dar, em função da transformação tecnológica e do trabalho.
Até aqui, na análise do que genericamente se poderá chamar como processo de globalização, que é um processo de complexificação das relações internacionais, dos Estados, da economias e das sociedades, verificamos que as relações multipolares colapsaram face à entropia face às novas configurações dos novos poderes (americanos, chineses, russos, europeus) e de algumas configurações regionais (recomposição de forças no médio oriente, com o colapso da Síria e o volte-face da Turquia para leste, reemergência do Irão em vários cenários face a Arábia Saudita, novas tensões entre India e Paquistão, recomposições na América do Sul, etc.).
Para além da crescente entropia, como vimos no Caso da Guiné-Bissau que gera impasses, as relações internacionais, e as suas instituições deixam de agir de forma linear, a assumem configurações imperfeitas, resultantes da acontecimentos e processo. As legitimidades advém de emergência dos poderes em contexto.
Significa isto, que ao invés das relações entre Estado e Economias se pautarem por uma conjunto de regras instituídas, regulares e constantes, com base no Direito (internacional), emergem, na arena internacional situações pontuais, casuística que se reconfiguram como poderes exíguos, inconstantes e em permanente mutação. Essas reconfigurações dos atores e organizações internacionais apresentam-se como uma realidade fluída em mutação. Como tal obriga a analisar essas redundâncias com instrumentos adequados. Isto é a previsibilidade transforma-se em instabilidade.