No final da visita a um museu temos de ter consciência do que nos sucedeu. Temos de incorporar o processo de mudança que deverá ocorrer pela observação e vivência dos elementos patrimoniais. Há portanto um movimento de reconhecimento dos objetos do mundo e um reconhecimento de si. Será aquilo a que podermos definir como a relação museológica. Um movimento de encontro com o mundo (representado) e com o si mesmo (como experiencia). Essa relação é simultaneamente objetiva (o encontro com um objeto) e subjetiva (um encontro com a subjetividade do sujeito) gerando-se uma relação intersubjetiva (um movimento de reconfiguração dos objetos do mundo e do sujeito.
Os museus clássicos tem sobretudo privilegiado a relação entre os visitantes e os objetos. A construção da narrativa dos objetos acontece fora da participação dos sujeitos visitantes. A narrativa é construída por mediadores (curadores) que transportam um conhecimento universal e válido. Uma verdade que se destina a ser transmitida nessa precisa forma.
No caso dos museus inovadores procura-se que a construção da narrativa, não só possa se feita pelos sujeitos de forma participativa, como sobretudo procura criar um momento de encontro com o próprio sujeito. A relação intersubjetiva é uma relação que procura criar uma autonomia critica do sujeito.
Nesse sentido um museu serve como laboratório social para facilitar o modo como olhamos para o mundo, para criar experiencias de encontro com os outros e connosco.
O sentido que emerge dos museus críticos e inovadores, não é apenas o de suscitar a participação dos sujeitos na construção das narrativas. É o também de propiciar uma emergência consciência sobre o mundo e sobre nós mesmos, usando os objetos patrimoniais em contexto. É também o de sobretudo a permitir criar coisas novas, fazendo emergir a criatividade a autonomia.
Nesse sentido o valor dos objetos dos museus, do património e das memórias sociais não é o que se tem mas o que se pode fazer com ele. Serve para podermos viver melhor e mais felizes.
Os museus, objetos e espaços patrimoniais, memórias e heranças coletiva deverão ser espaços vivos e de inovação que permitam encontros e experiencias. São laboratórios onde podemos experimentar combinação de ideias. É através do encontro que se produz transformação.