Quando falamos de terrorismo pensamos imediatamente na Síria, Iraque ou no Afeganistão. Na realidade nos últimos três anos o terrorismo tem recuado nestes países. Ao invés tem-se transformado numa verdadeira praga no continente africano. O número de mortos, de deslocados internos e de refugiados, entre as populações civis, têm vindo a aumentar drasticamente, em virtude das atrocidades cometidas pelos grupos terroristas, provocando graves crises humanitárias.
Atualmente, existem na África subsaariana cinco teatros de operações onde actuam grupos terroristas locais de matriz islâmica, mas com conexões ideológicas e operacionais à jihad global, liderada pela al Qaeda e pela Organização do Estado Islâmico (ISIL).
As cinco regiões são:
– África Ocidental, em particular os estados do Máli e do Burquina Faso;
– Norte da Nigéria e bacia do lago Chade, incluindo o Níger e o norte dos Camarões;
– África Oriental, com destaque para o conflito na Somália e seu contágio ao Quénia e à Tanzânia;
– África Central, no caso concreto do leste da República Democrática do Congo, onde grupos armados islamistas reacenderam a sua militância;
– África Austral, especificamente, no norte de Moçambique, na Província de Cabo Delgado, onde desde 2017 os ataques de grupos terroristas constituem a última fronteira da jihad global.
Nos últimos 30 anos, uma maré de terrorismo salafi-jihadista tem alastrado de norte para sul no maior continente do planeta e o seu refluxo não parece estar à vista. Quais as suas causas? Quais os cenários futuros do terrorismo em África?